domingo, junho 29, 2008

Terapia musical

Tracking the sounds of pianist hands (Alberto Miranda @ Clube Literário do Porto)

Não que fossem rudes ou violentas, mas à primeira vista pareciam ser mãos fugazes e dispersas. Escondiam no entanto amplas surpresas em si. Quem as não conhecesse ficaria certamente espantado no primeiro momento. Os conhecedores, estarrecidos pela terapia musical que naturalmente ocorria, deixavam-se contagiar uma vez mais pelas sonoridades. Uma terapia de sentimentos que envolvia músico e ouvintes.

Sob a luz da tarde, elas percorriam suavemente as teclas brancas e pretas, pairavam entre os sons e as pausas, afundavam-se na leveza ritmada que despertavam e soltavam a energia dos sentimentos mais profundos. Convertiam-se numa terminação de todo um espírito corporal de onde brotava aquela magia que ecoava por toda sala, pelo edifício e entretanto se libertava pela janela aberta sobre o rio. A tarde encheu-se de música.

sábado, junho 28, 2008

Sentir

Alguns entendidos oficiosos da vida chamavam-lhe maturidade, outros diziam que era experiência adquirida na escola da vida enquanto que os mais cépticos afirmavam a pés juntos que se tratava apenas de um comodismo desmedido.

A verdade é que ele não ligava a essas etiquetas que queriam dar à sua forma de administrar as atitudes próprias perante a vida. Simplesmente sentia-se muito melhor não fervilhando desnecessariamente com os acontecimentos que se sucediam no seu quotidiano. Sem perder a capacidade de explodir e seguir os impulsos, aprendeu a vantagem de não prolongar artificialmente as situações que exigem a sua energia e atenção.

Assim, passou a conseguir libertar-se um pouco das amarras do pensamento para poder desfrutar mais do seu próprio sentir!

segunda-feira, junho 09, 2008

Entrevista de Dylan

“You should always take the best from the past, leave the worst back there and go forward into the future.” (Bob Dylan)

Foi com esta frase que Bob Dylan encerrou uma recente entrevista ao jornal Times em que falou essencialmente dos seus desenhos que vão estar exposição numa galeria londrina apartir do próxima sábado, mas onde também abordou outros temas incluíndo a política norte-americana deixando expresso que tem esperança que Barak Obama possa fazer a diferença.

A entrevista cativou-me por contextualizar a forma como o desenho entra na vida deste músico, mas também pelas restante ideias deixadas expressas, incluindo a sua famosa relutância em abordar a sua vida pessoal. A frase final serve para nos lembrar que existe uma forma positiva de encarar a vida, em que não devemos ficarm presos ao passado, há que aceitar o acontece e seguir em frente. Afinal tudo é temporário na vida. E Dylan sabe-o bem!

Para ver:


Para ler: entevista ao The Times
Para visitar: Halcyon Gallery

quinta-feira, junho 05, 2008

Acaso

É costume escutarmos que nada nos acontece por acaso e que a vida nos coloca perante os desafios certos de acordo com o precisamos para aprender a cada passo da nossa existência.
Apesar do meu cepticismo acumulado nestas teorias (que no entanto se vai dissolvendo a cada tropeção que a vida me prega) uma coisa é certa: podemos e devemos tentar encarar as dificuldades como se de oportunidades para evoluir se tratassem. É possível descobrir novas formas de contornar os obstáculos e reinventar modos de agir e pensar, com isso seguramente que teremos mais possibilidades de nos enriquecermos em experiência e saber.
Se isso é fazer desses momentos uma inevitabilidade que a vida nos coloca pela frente para que possamos aprender, então terei de concordar que nada acontece por acaso.

terça-feira, junho 03, 2008

Insónia

Pela noite dentro os olhos teimam em não se fecharem e um turbilhão de ideias continua a percorrer em espiral uma mente que suspira pelo sono. A inquietude do corpo multiplica-se progressivamente durante essa busca tão atabalhoada por um conforto cada vez mais impossível.
Enquanto isso, o relógio vai assinalando o desenrolar de uma noite errante até que as primeiras luzes do dia se começam a esgueirar pelos buracos da persiana. Ao fundo, ouvem-se os primeiros sons da civilização que desperta enquanto que o corpo finalmente sucumbe ao cansaço acumulado. Será curto esse descanso, dentro de breves momentos haverá um acordar imposto por um despertador ditatorial e implacável.